RÓTULOS

Alto, magro, careca, cabeçudo, bochechudo, esperto, bonito, loiro, negro, judeu, nordestino, carioca, mentiroso... É muito grande a facilidade com que rotulamos as pessoas, seja de forma elogiosa ou pejorativa. Mas, creio eu, que infelizmente o façamos com maior empenho de forma desmerecedora.
Às vezes, sem sequer conhecer uma pessoa já vamos lhe dando um rotulo: aquele lá é um gorducho, deve comer sem parar! Coitado, olha só como ele é baixinho! Ela só pode ter subido na empresa porque ficou com o chefe. E sem perceber nós espalhamos comentários que ofendem e denigrem nossos irmãos.
Talvez façamos isso por inveja, talvez porque é mais fácil apontar nos outros os defeitos que sabemos existir em nós mesmos, ou talvez seja apenas necessidade de auto-afirmação. Não sei, mas o que realmente é chocante é o fato de que estamos fazendo isso cada vez mais constantemente, e geralmente sem perceber.
Você pode nem ter reparado, mas com certeza já se pegou rindo com aquele apresentador de televisão que vive debochando dos gordinhos, ou com aquele outro programa de TV que insiste em abusar das pessoas fora do padrão de beleza estabelecido. Você já deve ter recebido e-mails dizendo isso ou aquilo de um político ou alguma celebridade qualquer e depois o repassou, como se dissesse sim a tudo que falaram da pessoa, sem nem mesmo saber se é ou não verdade.
Quem sabe, se parássemos e refletíssemos só um pouquinho, as traves do preconceito cairiam e nos tornaríamos justos com nossos irmãos, evitando todo este tipo de repúdio gratuito, afinal, não somos todos semelhantes? Não somos uma só raça? Não somos à semelhança de Deus, que é perfeito? E, se assim é, porque insistimos em realçar o que vemos de ruim em nossos irmãos quando o que realmente esta dentro deles é a pura e grandiosa imagem de Deus?
Há muitos anos um Homem resolveu enxergar em seus semelhantes o que eles realmente eram: viu um grande líder em um simples pescador, viu a bondade no coração de um ladrão, viu a sede por uma vida digna nos olhos de uma adúltera, viu um grande missionário em seu perseguidor. Cristo sabia das falhas de cada um que se aproximava dele, mas ao invés de realçá-las Ele proporcionava condições para que aflorasse o que havia de melhor.
E nós, porque não estamos fazemos isso? Porque insistimos em nutrir preconceitos? Porque não conseguimos enxergar além das aparências? Porque temos tanta facilidade para destruir e tão pouca para construir?
Pode ser que a receita para conseguir isto seja imitar o mestre, assim como dizia aquela música do padre Zezinho: Amar como Jesus amou, Sonhar como Jesus sonhou, Pensar como Jesus pensou, Viver como Jesus viveu, Sentir o que Jesus sentia, Sorrir como Jesus sorria, E ao chegar ao fim do dia, Eu sei que dormiria muito mais feliz.
Se todos (principalmente os que se dizem cristãos) agirem assim, talvez chegue logo o dia em que finalmente nós consigamos ver alem das aparências, então o mundo se tornará realmente um lugar melhor para viver, onde os rótulos não terão a menor importância, pois o que realmente conta é o que está dentro, no coração de cada um de nós.


Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. (Gênesis 1, 27)

Mas o Senhor disse-lhe: Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração. (1 Samuel 16, 7)

Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós. (João 13, 15)

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